Bem, o dia começava normal para uma pessoa de baixa renda. Me acordei cedo pra pegar o ônibus da prefeitura porque é de graça. Indo até lá eu encontrei uma amiga que na época era super legal. Naquele fatídico dia eu havia pegado o celular da minha mãe emprestado, pois o meu virou pó estelar (ser pobre é Fo*a).
Legal, primeiramente nós descemos super longe do colégio e decidimos ir a pé até lá. Afinal de contas o que iria acontecer com dois pré-adolescentes desprotegidos andando perto de uma favela não é?! Quando estávamos quase no meio do caminho a infeliz, miserável, podre, imprestável menina pediu para que eu visse as horas. Logo um cara super esquisitofrenico começou a seguir nós dois.
A menina ficava olhando pra trás e olhando pra mim rindo, então ela solta uma dessas – Olha, acho que esse cara vai nos assaltar – ela falou rindo e eu pensei que ela estava brincando, mas milagrosamente ele previu o futuro. O cara chegou perto da gente e ela continuou rindo. Mas também, imagine um homem alto, magro, camisa havaiana, calça jeans e óculos escuros daquele de surfista fracassado. Ele parecia ter saído de um filme frustrado de terror feito pelo criador do Chuck (isso não quer dizer que Chuck seja bem sucedido), mas enfim.
Ele olhou pra mim e levantou a camisa ai eu pensei “putz, será que ele vai fazer um streap tease no meio da rua?”. Então ele mostro uma faca e disse – Passa o celular – pronto, ai eu tive um ataque cardíaco. Eu senti como se meus pés fossem enfiados no cimento. Quando eu olhei ao redor a minha amiga tinha descido a ladeira toda (nunca vi uma pessoa correr tão rápido). Então eu fiquei lá e por dois segundos eu pensei “corro e levo uma facada ou fico e acabo sem celular” então eu tive a atitude mais digna que um homem pode ter... Eu olhei pra ele e comecei a chorar loucamente dizendo que não tinha celular. O cara olhou pra mim e disse – eu vi você com o celular ali rapá – então eu tirei o celular do bolso e juntei as mãos como se eu fosse rezar – moço, pelo amor de deus, esse celular não é meu, pelo amor de deus – e então pela primeira vez Deus escutou minhas preces e um carro da policia passou.
O ladrão olhou nos meus olhos e disse – pode ir – quando ele menos esperava, eu já estava no meio da ladeira correndo, eu vou te falar uma coisa, nunca mais eu corri como eu corri naquele dia!
Quando cheguei ao colégio e me olhei no espelho eu estava pálido e meu cabelo estava loiro (o detalhe é que eu não tenho cabelo loiro) acho que ele mudou de cor de tanto medo que eu senti.
Lição que eu aprendi naquele dia? Sempre andar com uma espada, afinal de contas ele só tinha um canivete. Espero um dia encontrar com ele de novo e ai sim ele vai ver com quantos corredores de faz uma maratona!
Leiia
Malla.com
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